segunda-feira, 30 de maio de 2011

La vie de Jeanne - Partie III

Bonjour !

E então eu era prisioneira dos Borgonheses.
Passei um bom tempo aprisionada por eles, eles somente me interrogavam, nada mais.
Porém o problema daqueles dias começou quando eles me venderam aos ingleses....

Ah... a prisão inglesa... péssimas memórias...

Fui mantida em uma cela vigiada 24 horas por dia e então teve início meu julgamento...
Primeiro foram diversas audições em que me acusavam de diversos crimes, tantos que não consigo me lembrar da maioria deles. Mas em geral sempre me julgaram como bruxa e herege.
Estando naquele lugar me pediram para fazer um juramento de que diria total verdade sobre o que me perguntassem....
De início estive relutante, mas por fim eu o fiz... e então vieram as perguntas que eu já esperava.
Perguntas sobre minhas vozes.
(Eram de Santa Catarina, Santa Margarida e São Arcanjo Miguel)
Perguntas sobre minha fé.
(Dieu é o meu Senhor, nada mais)
 Perguntas sobre minha missão.
(Eu fiz o que Dieu me pediu)
Perguntas sobre minhas vestimentas.
(Elas não eram um insulto para minha alma ou fé)
...Haviam porém, perguntas que me recusei a responder, pois eram segredos que jamais revelarei.

Ao passar do tempo, os mensageiros de Dieu sempre me reconfortavam, e no final de tudo aquilo...                                                                                    ....eu seria salva.

Infelizmente minhas respostas não satisfaziam os ingleses, ou talvez eu não estivesse sendo humilhada o bastante, de qualquer forma depois de algum tempo tentaram me torturar, e a cada dia que passava eu ficava mais assustada e... cansada.
No começo, esses interrogatórios tinham platéia, nobres ingleses que estavam interessados em ver minha humilhação, pessoas que tinham que ser contidas pelos guardas a cada resposta que eu dava, tão hostis quanto meus juízes. Mas depois de toda aquela agitação decidiram manter os julgamentos em silêncio, logo só havia eu e os homens que me julgavam.
E em meio a esses dias minhas voz diziam para ser valente, responder somente o que não achasse sagrado demais e sempre dizer a verdade.
Sempre orei para meus protetores e me mantive firme por aquelas seis semanas.
Lembro de quando adoeci e me foi permitido um tempo para descansar, mas logo depois veio o dia fatídico...... o dia em que eu fraquejei.
Sim, eu temia a morte pelo fogo, então.... quando descobri minha sentença tive medo da dor que sentiria... e fraquejando assim, assinei um papel em que prometia usar roupas femininas e me subjugava a igreja.
De volta a prisão inglesa, minhas vozes me repreenderam...não havia cumprido minha promessa com Dieu, mas mesmo assim elas entenderam meu medo.
Por fim entendi que passando por tudo isso o que seria salvo...........
Minha alma seria salva.
Naquela noite voltei a usar minhas roupas masculinas, quando os carcereiros voltaram.... eu voltei contra minha palavra, aquilo que assinei foi por medo e agora minha fé estava renovada.

 E então o dia chegou.
Me deram um manto para usar, andei pelo caminho a minha frente, ingleses eram os expectadores e haviam os fiéis que estavam em arquibancadas...
Senti tanto medo ao subir até o local da minha morte, dava passos tão pesado que achei que o chão ia ruir... sim, estava com medo. E então disseram meus crimes...

"Que a mulher comumente chamada de Jeanne la Pucelle... será denunciada e declarada feiticeira, adivinha, pseudoprofeta, invocadora de maus espíritos, conspiradora, supersticiosa, implicada na prática de magia e afeita a ela, teimosa quanto à fé católica, cismática quanto ao artigo Unam Sanctam, etc, e, em diversos outros artigos de nossa fé, cética e extraviada, sacrílega, idólatra, apóstata, execrável e maligna, blasfema em relação a Deus e Seus santos, escandalosa, sediciosa, perturbadora da paz, incitadora da guerra, cruelmente ávida de sangue humano, incitando o derramamento do sangue dos homens, tendo completa e vergonhosamente abandonado as decências próprias de seu sexo, e tendo imodestamente adotado o traje e o status de um soldado; por isso e por outras coisas abomináveis a Deus e aos homens, traidora das leis divinas e naturais e da disciplina da Igreja, sedutora de príncipes e do povo, tendo, em desprezo e desdém a Deus, consentido em ser venerada e adorada, dando as mãos e a roupa para serem beijadas, hereje ou, de qualquer modo, veementemente suspeita de heresia, por isso ela será punida e corrigida de acordo com as leis divinas e canônicas..."(*)

Entrei em desespero, as lágrimas escorriam pelo meu rosto sem qualquer controle, orei a Dieu em voz alta. E juro que vi alguns telespectadores chorarem também....

E então fiz meu último pedido em vida, uma cruz diante de meus olhos enquanto estivesse morrendo, fui ouvida... e um soldado inglês ainda me entregou uma menor para segurar e então começou...

Fui acorrentada e logo o fogo estava acesso....
Ah...

...aquela horrível sensação...

...eu gritava pela dor...

...todo meu corpo estava envolto em chamas....

...pessoas assistiam minha morte tristemente....

...depois de um tempo...

...meus gritos não eram mais ouvidos na praça.

E então eu, com 19 anos de idade vim a falecer....





Essa foi minha história ^^

Minhas cinzas foram jogadas no rio Sena, e depois meus companheiros e família foram a julgamento para me livrar dos crimes que fora acusada, eles conseguiram isso com êxito.

E então minha moradia no reino de Dieu começou, ah sim, gostaria de dizer o que aconteceu com meus amados amigos *--*

Jean d’Metz – Jean voltou para Vaucouleurs e recebeu presentes do Rei por sua atuação na guerra,nunca me disse como morreu.
La Hire – Continuou com sua vida militar por mais alguns anos, era o que gostava, disse que morreu no campo de batalha por uma doença desconhecida.

Duque Jean de Alençon – Alençon continuou a vida militar até a rebelião na sucessão ao trono, felizmente ele foi perdoado por isso e pode viver mais um tempo ajudando a França, morreu em uma prisão, após ser acusado de traição.
Dunois, The Bastard of Orleans – Dunois continuou sendo o regente de Orleans até o fim de sua vida, sempre se preocupando com seu povo, morreu de forma natural.

Gilles de Rais – Ah..... Gilles, infelizmente seu destino não foi como eu esperava, após eu morrer ele disse ter perdido sua “deusa” e por isso se isolou do resto da sociedade, e passou a cometer crimes hediondos até o dia em que fora preso e depois executado.

Charles VII – Ah, meu querido rei e amigo, que após minha morte provou que Dieu estava certo, como sempre, e se tornou um esplêndido rei, porém seu filho Louis, o responsável pela rebelião, não compreendia vossa pessoa, então foi traído pelos filhos e deixado para morrer.

E então a Guerra dos Cem Anos, que teve inicio em 1337 até 1453, por disputas entre a França e a Inglaterra finalmente veio a ter um fim, pouco tempo após minha morte, finalmente meu lar estaria em paz. 

Au revoir .

Francis nii-san, obrigada por cuidar de mim nessa época, espero... que minha vida tenha servida de algo para você.... E sempre se lembre dos momentos que passamos juntos e das coisas que aprendemos e ensinamos um ao outro. Espero que sempre consiga novas memórias felizes, mantenha-se perto dos seus amigos, eles são tesouros preciosos. Desfrute sua liberdade porque ambos sabemos o quanto é ruim perde-la, seja bondoso com os outros. Honre aos homens que perderam sua vida lutando pelo seu bem, nunca fuja de uma batalha e sempre esteja pronto para oferecer a mão para alguém que precisar. Ore para Dieu, ele sempre estará te observando e cuidando de você. Respeite o próximo se deseja ter respeito também. Cuide bem de suas crianças, pois elas são o futuro, os ensine as coisas certas, repudie as erradas. Se desejar chorar saiba que alguém sempre estará disposto a enxugar suas lágrimas, por isso esteja pronto para secar as lágrimas de outras pessoas. Se sentir dor, respire fundo e olhe para o céu, tentarei reconfortar todos seus sofrimentos. Se vier a amar alguém, esteja sempre ao lado dessa pessoa não importa o que aconteça. Se vier a odiar alguém, esteja sempre ao seu lado e aprenda a perdoar.... nenhuma atitude merece ser alvo de tanto ódio. Se cair, levante. Se tropeçar, observe melhor o caminho. Se chover, o sol sempre aparecerá depois. A vida sempre vai continuar, não importa o que ocorra, entenda isso e será feliz. Não olhe para o passado, pois o futuro  é o que pede sua atenção. Se sentir triste, respire o ar puro... ele limpará sua mente. E se desejar falar comigo saiba que sempre estarei aqui para ouvir. Viva em paz, Francis, sempre estarei te observando e sorrindo para você.
05/30/1431
 
(*) – Trecho tirado do livro Santa Joana D’Arc (Ed. N.Fronteira, 1964, p. 263/294 - Victoria Sackiville-West)

[OFF: Como eu havia dito esse é o meu último post como Jeanne, espero ter esclarecido dúvidas sobre a vida dela. Se alguém for querer o blog é só me falar que eu o entrego :T]